4ª edição do Encontro do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal acontece em prédios que marcam diferentes expressões arquitetônicas da capital do país

Entre os dias 11 e 12 de novembro de 2015 acontece o 4º Encontro CAU/DF (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Distrito Federal). Com a presença ilustre do arquiteto chileno Mathias Klotz e da curitibana Elisabete França entre os convidados, o evento terá uma programação de palestras e bate-papos em torno do tema Fragmentos Urbanos – A Cidade Como Fonte de Inspiração. A abertura do Encontro se dará na Casa dos Arcos e os trabalhos se desenrolarão, no segundo dia, no Teatro Poupex – prédios que marcam expressões arquitetônicas de duas épocas distintas de Brasília: o modernismo puro e a contemporaneidade, respectivamente.
Com o papel de incentivar a discussão sobre a importância da Arquitetura e Urbanismo em Brasília, bem como seu patrimônio histórico-cultural, o CAU/DF promove também a aproximação de arquitetos e urbanistas com o Conselho, a realidade da cidade e o dia-a-dia da profissão. “Por esses motivos é que temos, ao longo de duas gestões, empreendido todos os esforços para transformar os Encontros em uma marca do nosso trabalho, assim como em uma tradição para os nossos pares” ressalta o presidente da entidade, o arquiteto e urbanista Tony Malheiros, fazendo menção às edições anteriores do evento que acontecem desde 2012.
Com estimativa de público de 600 (seiscentas) pessoas por dia, o 4º Encontro do CAU/DF receberá entre seus convidados arquitetos, urbanistas, estudantes da área, autoridades e personalidades do setor. No evento serão homenageados os Arquitetos e Urbanistas Érico Paulo Siegmar Weidle e Elvin Mackay Dubugras (in memoriam), e o Geografo Aldo Paviani.
Os Espaços
Para o primeiro dia – Abertura Conceitual – optou-se por colocar em foco uma obra de relevante interesse para a história da arquitetura do Distrito Federal, a Casa dos Arcos, de autoria do arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé. A mansão está localizada no Park Way e começou a ser levantada em 1972 em um terreno de 30 mil metros quadrados. O projeto foi um presente dado em 1983, por um dos maiores arquitetos brasileiros ao amigo Nivaldo Borges, falecido no ano de 2010.
Já no seu segundo dia, o evento continuará no Teatro Poupex – Sede da Fundação Habitacional do Exército, que fica localizado no Setor Militar Urbano (SMU). O projeto de autoria dos arquitetos Danilo Matoso Macedo, Élcio Gomes da Silva, Fabiano José Arcadio Sobreira, Newton Silveira Godoy, Filipe Berutti Monte Serrat e Daniel de Castro Lacerda do escritório MGS – Macedo, Gomes & Sobreira + Associados – manifesta com clareza os princípios de robustez, facilidade de acesso e transparência. Com capacidade para abrigar 600 pessoas, o Teatro Poupex está instalado em um edifício de escritórios composto por dois blocos desnivelados entre si e separados por um átrio central. A iluminação difusa e a ventilação natural climatizada deste último ambientam com qualidade e economia energética os espaços de trabalho.
Os Palestrantes
Mathias Klotz
Formado pela Pontificia Universidad Católica de Chile, Mathias é considerado um dos mais importantes arquitetos chilenos do século 21. Sua assinatura valoriza sempre o design em função do espaço e assim deixam que as formações geográficas, topográficas e culturais do local guiem o projeto. Klotz desenvolve uma estética que minimaliza os contornos e exalta os pontos de fuga e a desconstrução das ordens geométricas, resignificando assim algumas regras do design para dar lugar a novos conceitos do que viria a ser uma escada, janela ou porta.
 
Outro trabalho do arquiteto chileno que podemos destacar é a premiada Casa Ponce (1983), edificada em Buenos Aires (Argentina), com vista para o rio La Plata. O desnível do terreno, no qual a casa foi projetada e construída, seria um problema caso a visão vanguardista de Klotz não o interpretasse como uma benção. A edificação apresenta um interessante jogo volumétrico e estrutural, onde três blocos se justapõem um sobre o outro. O volume mais robusto em concreto – que abriga os dormitórios, fica sobre outro bloco de vidro – onde estão os espaços de uso comum da casa como piscina, cozinha e terraços. Já o terceiro bloco, que está semienterrado no terreno, abriga a área de serviço com lavanderia, sala de ginástica, adega e dormitório. A Casa Ponce é um projeto extraordinário por reunir uma série de novas perspectivas em um terreno difícil e com pouca insolação.
Elisabete França
Destaque por mais de 30 anos na Arquitetura e Urbanismo nacional, autora e organizadora de mais de vinte obras de destaque na área, a curitibana Elisabete França é mestre pela FAU-USP e doutora pela Universidade Presbiteriana Mackenzie. Por oito anos coordenou o planejamento dos programas habitacionais de São Paulo, como Superintendente na Secretaria Municipal de Habitação (Sehab), tratando de questões que envolvem locação social, regularização fundiária, dentre outras nuances da urbanização contemporânea.
Os estudos realizados pela palestrante canalizam todas as expressões, não apenas pictóricas, mas também sociais e politicas que se desenvolvem em paralelo ao crescimento espontâneo das cidades. Tais estudos foram também o destaque para a exposição “Favelas Upgrading”, apresentada no Pavilhão Brasileiro durante a 8ª Bienal de Arquitetura de Veneza, sob a curadoria dela mesma. Os projetos e leituras feitas por Elisabete França propõem a aglutinação das áreas periféricas com os espaços centrais, sem que se percam as identidades locais, e sim, que exista troca, crescimento e enriquecimento cultural, social, espacial e político.