Por Rachel Casanova
Gastamos muito tempo e esforço debatendo e pesquisando como projetar um escritório perfeito – talvez tempo demais, de acordo com Rachel Casanova, Diretora do Workplace noPerkins + Will. Neste post, publicado originalmente pela Metropolis Magazine como “When the Open Office Isn’t Always the Problem or Solution”, Casanova argumenta que deveríamos pensar no projeto de escritórios de forma mais holística, levando em conta não apenas o espaço físico, mas também a forma como o cliente administra seu local de trabalho. Na melhor das hipóteses, o desenho pode catalisar a criação de um ambiente de escritório mais amigável, mas para cada empresa a maneira de conseguir isso pode ser diferente; não há uma solução “ideal” para escritórios. Leia mais abaixo para descobrir o porquê.
Como projetar escritórios para clientes que têm problemas maiores que o projeto?
O escritório de planta livre não teve um bom ano. Críticas recentes têm ligado espaços de trabalho abertos ao declínio dos níveis de produtividade individual e satisfação dos trabalhadores. Os críticos e colunistas se queixaram do ruído, da falta de privacidade e da terrível uniformidade. No entanto, na última década, o escritório aberto tem evoluído aos trancos e barrancos. O Vale do Silício popularizou o local de trabalho casual, embelezando a planta aberta com bolsões de espaço de lazer e zonas sociais. Os sistemas de escritório de hoje incorporam muito mais escolhas, oferecendo inúmeras configurações de espaço de colaboração, de espaços comuns e de tecnologia integrada que tornam mais fácil para os trabalhadores adaptarem seus locais de trabalho ao seu gosto.
No entanto, meu objetivo não é argumentar a favor ou contra o escritório aberto. Em vez disso, quero mudar a conversa para o nível macro, perguntando como o espaço pode funcionar independentemente da estratégia implementada. Nossos clientes têm relatado aumento de engajamento, melhor comunicação e maior acessibilidade da liderança e benefícios que eles atribuem ao seu ambiente de trabalho. O escritório aberto tem sido associado aos locais de trabalho mais saudáveis, maior acesso à luz e satisfação geral com o trabalho. Mesmo assim, eu não acho que o crédito ou a culpa devem ser atribuídos unicamente à disposição física ou à concepção de um local de trabalho.
Mas e se as reclamações sobre o escritório estiverem equivocadas? Talvez o local de trabalho seja apenas um sintoma, e não a raiz do problema. Vamos explorar uma visão mais holística, considerando a natureza do trabalho hoje. A velocidade com que as coisas estão acontecendo, para melhor ou pior, está acelerando. As empresas estão mudando a forma como fazem os negócios, a partir da forma como desenvolvem produtos e interagem com clientes e consumidores para a maneira como conduzem pesquisas e mantêm a percepção da marca. Além disso, os laços físicos ao local de trabalho estão se dissolvendo; muitos funcionários podem, e muitas vezes fazem, partes de seu trabalho com uma conexão de internet e um laptop ou tablet em casa.
Se um escritório é bem projetado e reforça os comportamentos esperados, ele apoiará as mudanças organizacionais que não foram totalmente adotadas. No entanto, enquanto o desenho pode permitir a mudança, ele não pode conduzí-la. Quando o desenho do local de trabalho entra em conflito com comportamentos existentes, ocorre a reação oposta. Nesse caso, o desenho inibe a adoção. O espaço, e muitas vezes a arquitetura que o emoldura, torna-se o problema. Isso faz sentido, o ambiente construído é visual, é tátil, é maleável e é fácil de criticar.
Fonte: Archdaily