Por Pedro Polo *
Hospitais fazem parte da vida das pessoas. Todo mundo já visitou um hospital um dia. Seja para uma visita, uma consulta, uma emergência ou até mesmo se você trabalha no local. Em um lugar tão importante, onde vidas estão em jogo, é fundamental pensar que qualquer detalhe pode promover mudanças significativas na saúde e na qualidade de vida das pessoas.
São poucos os proprietários e investidores de instituições de saúde que conhecem as estratégias de controle de luz e seus benefícios. E, levando-se em conta que os hospitais utilizam iluminação artificial 24 horas por dia, sete horas por semana, adotar estratégias para utilizar a luz em benefício de pacientes, funcionários e visitantes, torna-se algo não apenas fundamental, mas também óbvio.
A iluminação não deve ser a estrela de um ambiente hospitalar. Ela não precisa ser notada, mas deve, sim, se encaixar como algo natural ao bom andamento dos trabalhos. Ela nunca deve incomodar ou atrapalhar: ela deve ser uma aliada.
Importantes estudos mostram que uma iluminação adequada, seja natural ou artificial, é capaz de mostrar resultados positivos na saúde das pessoas. Outras pesquisas sugerem que o humor e a percepção do paciente são afetados pela sua capacidade de controlar o ambiente em que estão. Delegar aos pacientes e as pessoas que os acompanham a personalização do ambiente sem a necessidade de funcionários para o ajuste dá a eles uma sensação de controle, aumentando o ânimo em um momento difícil da vida por si só.
Desta forma, os quartos dos pacientes, sejam privativos ou não, devem ser projetados por arquitetos com esses valores em mente, para criar um ambiente relaxante para o paciente e a sua família, assim como os locais onde a equipe realiza o seu trabalho, como salas de cirurgia e de exames.
Uma iluminação bem planejada, com controles intuitivos, ajuda a tornar médicos, enfermeiros e demais profissionais de um hospital mais produtivos. Com a atenção a fatores como luz plena para leitura de gráficos e distribuição de medicamentos, luzes mais baixas para o uso de computadores, o controle de iluminação pode ajudar a reduzir o estresse de pacientes e funcionários, melhorar o desempenho e até reduzir erros médicos e riscos de infecção.
Os ajustes de luzes para cada situação dentro de uma instituição de saúde permitem a entrega de uma melhor qualidade no atendimento, o que significa uma melhora no tratamento do paciente. Estar em um hospital muitas vezes não é algo agradável, e tornar essa experiência o menos difícil possível tem que ser uma prioridade de quem projeta a iluminação destes prédios.
Além de todos os benefícios de produtividade dos funcionários e na melhora do humor dos pacientes, um controle de iluminação eficaz em hospitais reduz o consumo de energia elétrica, já que a iluminação é responsável por cerca de 44% do consumo em um hospital. Assim, instituições de saúde podem reduzir os seus custos entre 30% e 50% e diminuir substancialmente as emissões de carbono.
Já para médicos, enfermeiros e outros funcionários do hospital, o controle de iluminação comprovadamente fornece uma melhora de 3% a 7% na produtividade das tarefas, reduz o cansaço visual e as dores de cabeça, garantindo um período de trabalho, que muitas vezes pode ser longo e cansativo, menos difícil.
A luz certa para a área certa
Nos quartos onde os pacientes ficam durante a estadia no hospital, o uso de cortinas e interruptores inteligentes, que podem controlados remotamente, por exemplo, permite a redução da necessidade de se chamar um enfermeiro, apenas para acender ou desligar as luzes ou mudar a posição da cortina.
A iluminação nestes locais, onde o paciente é capaz, muitas vezes, de interagir com as pessoas e o ambiente, pode ser controlada por meio de um único interruptor para acionar a controlar a intensidade da luz e o movimento das cortinas; pode ser integrada com o pillow speaker ou até mesmo a uma tela touch screen, próxima à cama do paciente.
Um sistema de iluminação eficaz também é imprescindível nos berçários e UTIs neonatais. Sabemos que uma luz intensa, mal colocada, pode afetar negativamente a retina do recém-nascido, porque suas pálpebras ainda não são capazes de se contrair diante de uma luz forte. Além disso, os ritmos circadianos ainda não foram definidos, ou seja: o bebê ainda não sabe distinguir o dia e a noite, e – por que não? – o controle da luz pode ajudar neste delicado processo.
Não importa se o bebê está sob cuidados intensivos ou se está no berçário apenas para a mãe descansar: é preciso que haja um controle de luz para cada leito, direcionado às necessidades daquele recém-nascido. Assim, o controle pode ser feito tanto com um dimmer quanto com um interruptor e precisa englobar zonas ou cenas e incluir também as cortinas.
Outra área do hospital onde a iluminação pode ser uma importante aliada é a sala de cirurgia. Nesta área em que o nível de stress é enorme e um erro de cálculo muitas vezes não pode ser revertido, os níveis de luz precisam ser calculados com riqueza de detalhes. Na preparação da cirurgia, por exemplo, a iluminação tem que ser intensa, mas não inconveniente. Na visualização de telas que auxiliam o procedimento, precisa haver uma atenuação. A luz perimetral pode ser dimerizada, assim como aquelas que atingem a percepção do paciente, para que ele consiga relaxar diante de um momento tenso e de grande expectativa.
Na área de diagnósticos por imagem, o sistema de iluminação não pode interferir na operação dos equipamentos, ao mesmo tempo que deve auxiliar no relaxamento do paciente.
Ao contrário do que pode acontecer em uma casa, o sistema de iluminação de um hospital, mesmo que bem aplicado, não será capaz de garantir prazer e conforto total para quem o utiliza. Mas pode, sim, tornar o momento menos difícil, relaxante e auxiliar para que a estadia seja a mais breve possível.
* Pedro Polo é diretor-geral da Lutron Electronics Brasil