EAD também inclui acesso via web a acervos ricos de imagens, documentos históricos e livros digitalizados em bibliotecas e museus virtuais distantes. Há muita interação e colaboração virtual entre os alunos de EAD, incluindo “peer-assisted learning” [aprendizagem apoiada pelos pares]. Para quem estuda assuntos mais avançados, há MOOCs-Massive Open Online Courses [Cursos Abertos Online Massivos], totalmente automatizados e normalmente gratuitos, permitindo a participação de um grande número de estudantes cada vez que é oferecido (acima de 100.000 não é incomum).
Esta nova visão admite a combinação do presencial com a intermediação da tecnologia que a EAD oferece. Programas que incluem EAD podem variar as porcentagens de virtualidade, dependendo da natureza do conteúdo (cursos de saúde e engenharia com maiores exigências de presencialidade) e da maturidade acadêmica dos estudantes. Por ser principalmente assíncrona, a EAD permite ao aluno estudar “a qualquer hora, em qualquer lugar e na velocidade mais conveniente”. Possibilita ainda ao aprendiz empregar o dispositivo de que já disponha: BYOD (“Bring Your Own Device” – “Traga Seu Próprio Aparelho” – celular, computador…). Para alunos sem equipamento digital próprio, as escolas devem ter um sistema de distribuição manual, ou via correio, do material didático.
EAD e suas diferenças
No caso do ensino násico, a educação a distância pode ser extremamente importante para alunos academicamente fortes, preparando-os para os rigores do ensino superior, e para alunos fracos, que podem seguir um programa remedial, de fortalecimento, a distância. Assim como ocorre com adultos, EAD não serve para todo mundo, porque exige motivação, disciplina e autonomia que vão além do ensino convencional. EAD pode ser considerada uma forma de ampliar o horário escolar do ensino básico presencial (predominantemente de apenas 4 horas), envolvendo os aprendizes em mais contato com conhecimentos novos.
Importa fazer uma comparação: ensino presencial é feito por um professor atuando sozinho numa sala com um grupo de alunos; o sucesso da aula depende inteiramente de sua eventual “inspiração” no dia. A EAD, por sua vez, é produzida por uma equipe de mais de 10 profissionais – o conteúdo é mais informativo e apresentado de forma mais burilada; a “inspiração” não é eventual – está embutida permanentemente no material didático.
Leia: Docência e pesquisa: entenda as influências e contribuições mútuas
Tudo indica que o termo “educação a distância” desaparecerá num futuro próximo porque haverá uma saudável sobreposição de modalidades: quase todos os cursos hoje considerados “presenciais” terão elementos “não presenciais” ou “virtuais” … e muitos programas EAD terão, para aumentar a eficácia da aprendizagem, momentos presenciais, especialmente na área de saúde, na qual, embora possível haver simulações gravadas, é imprescindível o contato direto com o paciente, assim como o ambiente de um “teatro de operações cirúrgicas” fornece experiências dificilmente substituíveis.
Crescimento expressivo
Felizmente, não há ainda um “padrão dominante” de EAD (caso do automóvel, que sempre tem quatro rodas). Estamos ainda numa fase de experimentação didática que permitirá permutações numerosas à medida que nossas explorações de possibilidades, no cruzamento de atividades cognitivas e novas tecnologias, abram novos caminhos para aprendizagem produtiva. A qualidade da EAD praticada no Brasil hoje é satisfatória em relação ao presencial: os resultados do Enade [MEC] no período 2007-2012 revelaram que quem estudou a distância obteve notas mais altas do que quem estudou presencialmente; agora as médias são similares.
Os números atuais de universitários brasileiros são estes: estudantes matriculados em cursos presenciais, semipresenciais e a distância são 7.773.828. Alunos EAD são 1.320.025, ou 17% do total. Em 2019, houve mais novas matrículas em EAD do que em cursos presenciais. Esses dados falam por si. Econômica, conveniente, enriquecedora e inclusiva, a EAD, com milhares de educadores brasileiros já experientes com sua produção e operação é, sem dúvida, solução eficaz para reduzir os aspectos mais negativos de um distanciamento social obrigatório.
*Fredric Michael Litto é presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância-ABED, Professor Emérito da ECA-USP e Membro da Academia Brasileira de Educação-ABE
Fonte: Revista Educação
Veja Matéria Completa