Países que compõem o Fórum Ibero-Americano de Portas, Janelas e Fachadas falaram de temas específicos do setor
Reunião entre profissionais sul-americanos e europeus para troca de informações sobre as características do setor de esquadrias em diferentes países, assim pode ser resumida a Jornada Técnica. O evento, que aconteceu no último dia 11 de setembro, no auditório 2 da FESQUA 2014 – feira internacional do setor, foi organizado pelo Fórum Ibero-Americano de Janelas, Portas e Fachadas, organismo internacional presidido pela AFEAL – Associação Nacional de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio. A reunião foi oficialmente aberta por Lucínio Abrantes dos Santos, presidente da AFEAL. “O objetivo desse encontro é promover o intercâmbio de experiências entre os profissionais e associados às entidades setoriais dos seis países que constituem o órgão: além do Brasil, estão a Espanha, Portugal, Chile, Colômbia e México”, afirmou Lucínio.
Isolamento acústico
Para iniciar os debates, o primeiro convidado a se apresentar foi o empresário Edison Claro de Moraes, conselheiro da AFEAL e diretor da Atenua Som, que falou sobre soluções acústicas para esquadrias. O profissional iniciou sua palestra abordando as leis para se fabricar uma esquadria acusticamente eficiente. “O primeiro mandamento é quanto mais massa, melhor. Depois, é preciso observar o critério da frequência do ruído que necessita ser isolado para a correta especificação do vidro. A última lei diz respeito às frestas, produtos com fresta de um milímetro perdem 50% de desempenho acústico quando os sons têm a partir de 1 mil Hz”, detalhou.
Para ilustrar sua apresentação, Claro apresentou case em que o morador de um prédio, onde foram instaladas esquadrias dentro da norma, reclamava de barulhos em seu quarto. A análise da vizinhança mostrou que uma usina de asfalto próxima ao empreendimento gerava ruídos de baixa frequência não isolados pela janela. “Para que uma esquadria seja considerada acústica tem de isolar 35 dB ou mais”, disse, acrescentando que pesquisa qualitativa encomendada por sua empresa mostrou, entre outros dados, que a grande maioria da população quer ter janelas antirruído em suas residências. “E não só no quarto, como também na sala. Essa é uma grande oportunidade para nosso setor”, destacou.
Esquadrias de segurança
O consumidor também se preocupa com o quesito segurança. Esse foi o tema da segunda palestra apresentada por Pablo Martín Hernanz, diretor da Asefave – Associação Espanhola de Esquadrias. “A crise econômica fez aumentar o número de assaltos e a violência dos roubos na Espanha. Com isso, cada vez mais o tema segurança ganha espaço nos debates sobre esquadrias”, informou Hernanz. Segundo ele, a porta é o principal elemento frágil da edificação e algumas providências dificultam ou impedem o assalto: existência de câmeras, boa iluminação, vizinhança ou a necessidade de usar ferramentas especiais para forçar a entrada na residência.
“Existe uma norma espanhola e outra europeia que classificam as esquadrias em função da resistência às forças para tentar arromba-las. Uma janela que não é de segurança pode ser aberta em segundos com o uso de algumas ferramentas, já as de segurança são praticamente impossíveis de serem violadas”, destacou Hernanz, que disse ainda que na Espanha esse é um tema que ganha espaço, apesar de as janelas de segurança serem obrigatórias somente em alguns tipos de edificações.
Mercado do Chile
O público profissional presente também recebeu detalhes sobre o setor chileno de esquadrias. Claudio Salas, representando a Achival – entidade setorial chilena -, revelou que há hoje no país preocupação quanto aos destinos da economia, em processo de reestruturação comandado pelo governo de Michelle Bachelet que assumiu em março último. “Houve uma freada na economia, com impacto na construção civil que viu despencar sua expectativa de crescimento de 11% para 5% este ano”, contou, informando que a única extrusora de alumínio que operava no Chile encerrou suas atividades ali. “Todo o alumínio, agora, é importado, principalmente da China, país que não tem histórico de certificação da qualidade do que produz”, acrescentou.
O setor fabricante de esquadrias chileno não dispõe de normas técnicas atualizadas e as existentes não cobrem todos os tipos de materiais. Salas revelou que “as normas brasileiras são referência para nosso setor e a AFEAL está colaborando para a produção de uma normativa que atenda o nosso mercado”. Esse trabalho está sendo desenvolvido pela Achival em conjunto com a Câmara Chilena da Construção, entidade que reúne as construtoras. Segundo ele, o mercado de esquadrias chileno é constituído por 60% de janelas de correr e 30% de projetantes, produzidas sob projeto (especiais), pois não há no país uma indústria de caixilhos padronizados como ocorre no Brasil.
O BIM e as esquadrias
Para finalizar a Jornada Técnica, foi realizada a reunião oficial da CEE 191 – Comissão de Estudos Especiais de Esquadrias, aberta ao público, e com foco na modelagem das esquadrias no sistema BIM – Building Information Modeling. Participaram da mesa redonda Pablo Martín Hernanz; a engenheira Fabíola Rago, coordenadora da ABNT/CEE 191; o arquiteto Boris Villén, coordenador de projetos da C2KR, Comissão de Estudo de Modelagem de Informação da Construção; o engenheiro Pedro Martins, titular da Pedro Martins Engenharia; Marcos Pagliuso, presidente do IDEA e consultor de marketing do núcleo de Pesquisas do NUTAU/USP; o arquiteto Evandro de Queiroz Longo, titular da BIM Experience Latina; além de Sabrina Catrini e Francesca Margherita, representantes da eFM América Latina.
“É preciso entender que o BIM é um conceito que permite a modelagem do edifício verticalmente”, explicou Pagliuso. “Esse conceito integra diferentes projetos, permitindo criar um protótipo do edifício antes da construção”, complementou Queiroz. “O BIM traz detalhes sobre componentes, custos, durabilidade, manutenção, entre outros”, afirmou Martins. O conceito também leva em consideração a manutenção da edificação e as escolhas no momento do projeto que interferem diretamente no ciclo de vida da construção. “O BIM nos ajuda a ter essa consciência”, destacou Sabrina. “Esse planejamento de custos pode ser feito até o fim da vida útil do prédio”, ressaltou Francesca.
O Brasil está avançando na implantação do BIM, que já tem norma em vigor. “Com essa norma, espera-se que cada material tenha um número específico que o represente em qualquer projeto”, indicou Villén. A grande lição para o setor de esquadrias brasileiro é dada pela Espanha: a Asefave criou em parceria com a empresa Bimetica uma biblioteca BIM para esquadrias, com cerca de cem produtos e tipologias distintos. Desde a sua implantação em maio último até o início de setembro, mais de 720 downloads foram realizados. “O grande diferencial é fazer a divulgação, os fabricantes têm de entender que o BIM também é uma estratégia de marketing, já que as consultas acontecem a nível mundial”, finalizou Hernanz.
Fonte: Via Verbo Assessoria de Comunicação