Nos últimos anos, o mundo da arquitetura viu um aumento significativo no interesse por projetos com consciência social; da sustentabilidade à habitação social, de espaços públicos a projetos para áreas afetadas por desastres, a arquitetura está começando a enfrentar alguns dos maiores desafios humanitários de nosso tempo. Mas, apesar de sua popularidade, o projeto de interesse público é ainda apenas uma atividade marginal na arquitetura, presa a projetos existentes ou praticada por um seleto grupo de pessoas. Neste breve ensaio originalmente publicado na Metropolis Magazine, a editora-chefe da Metropolis, Susan Szenasy, argumenta que, em vez de trabalhar na periferia, “o impulso para melhorar as condições de vida de todos deveria estar no centro da arquitetura e do design contemporâneos.”
Em um ensolarado final de semana de abril, um grupo de designers comprometidos, apaixonados e realizados e seus colaboradores das Américas e de outras partes se reuniram no centro de Detroit para falar sobre projetos socialmente responsáveis. Era a 15ª conferência Structures for Inclusion. O organizador, Bryan Bell, é o arquiteto por trás da organização sem fins lucrativos Design Corps, e o espírito por trás do programa SEED (Social Economic Environmental Design).
Que lugar melhor para se conectar às questões de responsabilidade social que nessa outrora próspera e bela cidade de pessoas criativas – lar da indústria automobilística americana. Mas o apogeu daquelas épocas era um tempo em que investimentos nas cidades, pessoas e comunidades eram ainda parte de nossa ethos. Então veio a terceirização, a falta de investimentos, o abandono e a decadência. Aqui, nesse lugar que revive lentamente e colocou a “agricultura urbana” em nossa consciência – centenas de edifícios abandonados foram demolidos para dar lugar à agricultura de subsistência – há sinais de vida nova. Mas há muito a ser feito, como apontou um dos participantes do evento. Se você “for a Martin Luther King e a Third”, ele disse, você vai encontrar “um lugar do quarto mundo”.
Durante o final de semana ouvimos estórias inspiradoras de muitos projetos reais – do Rio a Oklahima, México e Ruanda. Ouvimos a respeito de um novo diploma de mestrado em projeto de interesse público e programas de projeto/construção em escolas de arquitetura que abordam as necessidades de comunidades locais e pesquisam materiais e processos construtivos.
Uma ideia potencialmente abrangente, anunciada no Greenbuild do ano passado, é o U.S. Green Building Council’s (USGBC), que garante maior consciência social ao sistema LEED através do SEED, colocando, assim, um pouco de humanidade no projeto sustentável. Isso é bom. Mas devemos continuar nos perguntando: Por que precisamos segregar a consciência social como uma prática marginal na arquitetura? Por que a arquitetura, em toda parte, não pode colocar os seres humanos (em condições de pobreza e riqueza) e o ambiente que envolve suas vidas, no centro de qualquer projeto?
Fonte: AsBEA