Não é segredo que a urbanização no mundo está ocorrendo de forma acelerada e irreversível.
Novas e diferentes alternativas serão utilizadas, nas diferentes cidades do planeta, na busca da solução para os grandes desafios trazidos pelo processo de centralização urbana, como a excessiva concentração de pessoas, o aumento da falta de qualidade de vida e da poluição, além da sobrecarga na infraestrutura.
A proliferação desses desafios induzirá a uma cooperação entre as cidades, em uma troca de soluções e de melhores práticas a serem intercambiáveis e adaptáveis.
Embora o conceito de cooperação entre cidades não seja novo, a necessidade premente de solucionar problemas gerados pelo crescimento urbano deve fazer com que se criem e se multipliquem novos modelos de discussão, nos quais sustentabilidade, mobilidade e habitaçãopopular sejam questões centrais na busca de alternativas factíveis às várias cidades do mundo.
Um bom exemplo desse novo modelo de intercâmbio é o projeto “Solutions”, lançado em recente congresso de Eco Mobilidade ocorrido em Seul, na Coréia.
A ideia é transferir exemplos de sucesso na área de transportes entre cidades da Europa, Ásia e América Latina, fortalecendo as relações internacionais entre a comunidade europeia e outros países do mundo, por meio da colaboração no planejamento de sistemas de mobilidade urbana sustentável. Além de promover futura cooperação em pesquisa, desenvolvimento e inovação.
Focando seis pontos temáticos, o projeto deve desenvolver o treinamento e organizar o diálogo entre as cidades participantes do programa para a discussão dos temas estabelecidos: transportepúblico, infraestrutura de transportes, logística nas cidades, planejamento integrado de soluções urbanas sustentáveis, administração de redes de mobilidade e veículos com energia limpa.
Na mesma linha, o Banco Mundial lançou o programa “Innovative cities dialogue” – Diálogos inovadores entre cidades, com o objetivo de auxiliar prefeitos e planejadores a compartilharem inovações que possam melhorar a vida urbana em todo o mundo.
Dessa maneira, será possível capturar as lições essenciais, os movimentos estratégicos, os estilos de gestão e os modelos de parcerias que, aos olhos de praticantes e observadores experientes, são vitais para o triunfo das cidades.
Exemplos de sucesso podem servir de plataforma para o aprendizado, e compartilhar lições urbanas permite fortalecer o conhecimento técnico necessário para aqueles que devem estar à frente dos processos de administração das cidades.
A urbanização não pode ser mais um sinônimo de degradação, mas sim tornar-se uma maneira de proporcionar a criação de empregos, a redução da pobreza e a melhor qualidade de vida.
Sem dúvida, na condução da cidade, a liderança é a chave do sucesso. Mas, para assegurar continuidade e previsibilidade no desenvolvimento estrutural urbano, ela deve ser incrementada com uma administração técnica e profissional.
As áreas metropolitanas podem e devem ser vistas como polos de inovação e laboratórios para as mudanças.
É inequívoco que o intercâmbio de conceitos e as soluções entre cidades nos fará debater temas relacionados à urbe não tão comuns às discussões de hoje, tais como: efeitos da inclusão social no desenvolvimento econômico, clima de competitividade de negócios em áreas metropolitanas, efeitos positivos do planejamento inteligente e a conectividade na melhora do ambiente de negócios.
A disseminação dessa prática entre aqueles que se dedicam ao estudo e planejamento das cidades pode ser um importante marco no aperfeiçoamento dos modelos de planejamento urbano.
Por Claudio Bernardes – engenheiro civil, professor da Fundação Getúlio Vargas, da ESPM e presidente do Secovi-SP
Fonte: Folha de S. Paulo Online