“Os preceitos da sustentabilidade se tornaram um valor para a sociedade, por este motivo seminários como esse ganham cada vez mais importância no panorama global”. Com estas palavras, Eduardo Sampaio Nardelli, presidente da AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), abriu, junto com Taissa Buescu, diretora de redação da revista Casa Vogue, o primeiro dia da Conferência Internacional da feira Expo Arquitetura Sustentável, no Expo Center Norte, em São Paulo.
O consenso entre os palestrantes, escolhidos sob curadoria da AsBEA em parceria com a Reed Exhibitions Alcântara Machado, organizadora da feira, foi o de que a sustentabilidade é um dos temas mais importantes para a resolução dos problemas das grandes cidades e diminuição dos impactos causados pelas construções ao meio ambiente.
Em sala com grande público, os participantes puderam ouvir e interagir com o pensamento de grandes personalidades nacionais e internacionais, que compõe o cenário de vanguarda no assunto e são provenientes do meio acadêmico, grandes escritórios de arquitetura, economistas e empreendedores de grandes construtoras.
O evento teve palestras de José Goldemberg, professor da Universidade de São Paulo; Pavan Sukhdev, economista indiano e fundador da consultoria Advisory GIST; Benedito Abbud, presidente do Benedito Abbud Arquitetura Paisagística; Fábio Villas Boas, diretor técnico da Construtora Tecnisa; Roberto Loeb diretor e arquiteto do Loeb Capote Arquitetura; Guillaume Sibaud, fundador do Triptyque (França); Dilnei Bittencourt, superintendente da Pedra Branca; José Luiz Lemos da Silva Neto, diretor, Aflalo/Gasperini Arquitetos; e Carlos Leite Sócio, Stuchi & Leite.
De acordo com o economista Pavan Suchdev, que defende a teoria econômica do ecossistema e da biodiversidade, é necessário alterar, em muitos países, o formato da cobrança de impostos do setor produtivo com vistas à economia sustentável. Primeiro é necessário avaliar os setores chaves para a sustentabilidade e assim diminuir impostos e aumentar as taxas ambientais. Segundo ele, “as empresas precisam ser recompensadas pelas ações sociais e de sustentabilidade, entre elas, por exemplo, a capacitação de funcionários. Mas precisam pagar pelos impactos ambientais causados por sua atividade”.
O professor Goldemberg da USP falou sobre a escassez de água e outros desafios ambientais que o Planeta vem enfrentando e que podem se agravar nas próximas décadas. Falou do uso racional de energia e fez criticas às construções envidraçadas, que demandam o uso intenso de ar condicionado, e aos empreendimentos que são construídos sem painéis fotovoltaicos. Além disso, citou, como exemplo, a iniciativas como a do estado da Califórnia (EUA), onde até 2020 não serão mais autorizadas novas construções de casas que não sejam auto-suficientes.
Já Benedito Abbud, deu bastante ênfase às questões urbanas e a necessidade de se privilegiar espaços de convívio, lazer e qualidade de vida. Falou sobre o Plano Diretor de São Paulo e a adoção dos Parklets na cidade, além do incentivo aos empreendimentos de uso múltiplo, com praças que podem abrigar inúmeras soluções de uso para a população. “Os moradores precisam usar as cidades, é isso que estamos buscando”.
Fonte: AsBEA