O arquiteto e urbanista Carlos Lemos foi homenageado em cerimônia no Museu da Casa Brasileira.
Arquiteto, artista plástico, escritor, historiador e professor, Carlos Lemos é um dos grandes nomes da história da arquitetura brasileira e foi responsável, como professor dedicado, pela formação de muito profissionais. Lemos acaba de completar 90 anos e recebeu homenagem no Museu da Casa Brasileira, em São Paulo/SP.
“A palavra homenagem foi inventada pelos jornais. Na verdade, foi um encontro de amigos”, diz Carlos Lemos ao lembrar da celebração que o comoveu. “Foram 208 pessoas e eu conhecia todas. Não foi bem uma homenagem, foi uma confraternização”.
Formou-se em arquitetura no Mackenzie e ainda nos anos 50 dirigiu o escritório paulista de Oscar Niemeyer, participando dos projetos do Parque Ibirapuera e do Edifício Copan. O prédio em frente ao Copan, do grupo Bradesco, é de sua autoria. Lemos destaca, entretanto, que “oficialmente” é arquiteto, mas “na verdade eu fui mais professor que arquiteto, depois artista plástico, historiador”.
A construção do Copan está entre seus trabalhos mais marcantes, até mesmo pelos 18 anos dedicados à ele. “Fui procurador do Oscar (Niemeyer) para assinar as plantas na Prefeitura, alterando os projetos até a receber o último habite-se. Foi uma coisa que me ocupou me alegrando e me entristecendo (…). Nunca tive nada que durasse tanto tempo. Foram 18 anos”, conta.
O Arquiteto e Urbanista e Conselheiro do CAU/SP Lúcio Gomes Machado ressalta que Lemos “é um dos fundadores da Faculdade de Arquitetura da USP e integrou as primeiras equipes de professores da Faculdade, formando uma geração de arquitetos, primeiramente na disciplina de Teoria da Arquitetura e posteriormente no Departamento de história da arquitetura, na disciplina de Arquitetura no Brasil, sendo um dos pioneiros nessa disciplina”.
Em 2014, completou 60 anos de magistério ininterruptos na FAUUSP (graduação e pós-graduação) dedicados à formação de profissionais, sendo reconhecido também por sua pesquisa sobre a Arquitetura brasileira e a preservação do patrimônio cultural.
Acumulou passagens pelo CONDEPHAAT (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo), IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e CONPRESP (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), entre os anos 80 e início de 2000. Participou da criação de museus do Estado de São Paulo como o Museu de Arte Sacra e o Museu da Casa Brasileira, onde também é conselheiro juntamente com o Museu AfroBrasil.
“Como primeiro diretor do CONDEPHAAT, foi responsável por importante mudança de orientação de estudos de patrimônio, incorporando outros aspectos da arquitetura não erudita, como a arquitetura popular, industrial. Com isso, contribuiu diretamente para que o Estado de São Paulo fosse um dos primeiros a adotar essa nova orientação nos estudos de patrimônio histórico e cultural”, ressalta Lúcio Gomes Machado.
Carlos Lemos participou da construção do edifício Copan, dirigindo nos anos 50 o escritório paulista de Oscar Niemeyer. Imagem: Thomas Hobbs/Flickr CC.
Publicou as obras “Alvenaria Burguesa: breve história da arquitetura residencial de tijolos em São Paulo”, “Casa Paulista” e “A história do edifício Copan vol.1” entre muitos outros. Seu livro de ensaios “Ramos de Azevedo e Seu Escritório” ganhou o prêmio Jabuti em 1994.
“Foi um dos primeiros a se dedicar ao estudo da arquitetura popular e lançou, juntamente com Eduardo Corona, o “Dicionário da Arquitetura Brasileira”, uma obra de referência fundamental”, destaca Lúcio. O livro, fruto de 6 anos de trabalho, tem 6.500 verbetes e é o único dicionário já publicado sob este tema.
Entre seus trabalhos mais significativos, o próprio Carlos Lemos destaca a publicação de seu 1º livro, pelo qual se tornou doutor; a conquista do Prêmio Jabuti; a realização do Projeto de loteamento da Praia Vermelha (em Ubatuba); e o Prêmio Governador do Estado (1972).
Segundo Luiz Fisberg, Diretor Administrativo do CAU/SP, Lemos “merece todas as nossas homenagens por sua dedicada atuação na profissão, como autor de projetos importantes, textos informativos e constantes, pela sua incansável defesa da História da Arquitetura, da cidade construída por todos e por todas estas atividades que servem para nos nortear e informar na ética da profissão”.
Fonte: CAU/PR