Homenagem foi entregue a Paulo Mendes Rocha e a representantes de João Batista Vilanova Artigas e de Lina Bo Bardi
Acidade de São Paulo homenageou com a Medalha 25 de Janeiro neste domingo (25) três arquitetos que mudaram a cara de São Paulo por pensarem uma cidade mais democrática e mais comunitária. Ao entregar a medalha a Paulo Mendes Rocha e a representantes de João Batista Vilanova Artigas e de Lina Bo Bardi, o prefeito Fernando Haddad afirmou que São Paulo é a casa de toda a população paulistana e fez um convite à revalorização do espaço urbano.
“Ao reconhecer o trabalho realizado por estes grandes arquitetos e urbanistas o que nós queremos é convidar a todos a pensar a cidade como sua casa. Nós moramos em São Paulo, ninguém mora em uma residência, em um apartamento. Isso é uma ilusão que é fruto de uma visão privatista do morar. Você se situa no espaço público, é desse que nós temos que nos apropriar, é desse que nós temos que cuidar e é nesse que nós interagimos uns com os outros”, disse Haddad.
O capixaba Paulo Mendes Rocha, 86 anos, foi reconhecido com a medalha pela relevância de sua atuação na cidade, com obras como o Museu Brasileiro de Escultura (Mube), a reforma da Pinacoteca do Estado e o projeto do Museu da Língua Portuguesa. “Convocando a ideia belíssima de Vilanova Artigas de que a casa é uma cidade e a cidade é uma casa, faço votos de que possamos juntos efetivamente nesse lugar continuar a história e construir essa cidade com um projeto de que seja essencialmente uma cidade para todos”, disse Paulo Mendes da Rocha, ao agradecer pela homenagem.
Os arquitetos modernos Lina Bo Bardi (1914-1992), e João Batista Vilanova Artigas (1915-1985), receberam medalhas in memoriam. Renato Anelli, Diretor do Instituto Lina Bo Bardi, e Rosa Artigas, filha do arquiteto, representaram os homenageados. Suas obras, como o Museu de Arte de São Paulo, projetado por Lina, e o estádio do Morumbi, desenhado por Artigas, marcam a arquitetura da cidade.
“Todos tinham a convicção de que um projeto arquitetônico contribui para um projeto de cidade, para um país mais soberano e para uma humanidade mais justa”, resumiu o professor Carlos Martins, Diretor do Instituto de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo – Campus São Carlos.
Criada em 2009, a medalha homenageia anualmente no aniversário da cidade moradores da capital com relevância por sua atuação cultural, científica ou política. A cerimônia aconteceu na sede da prefeitura, na região central. Estiveram presentes na homenagem a vice-prefeita Nádia Campeão, Ana Estela Haddad, primeira-dama e coordenadora do programa “São Paulo Carinhosa”, e o cardeal Dom Odilo Scherer. Também participaram os secretários Antonio Pinto (Promoção da Igualdade Racial), Denise Motta Dau (Políticas para as Mulheres), Mariane Pinotti (Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida), Nunzio Briguglio (Comunicação), Wanderley da Nascimento (Verde e Meio Ambiente), Francico Macena (Governo), Nabil Bonduki (Cultura) e Wilson Poit (Turismo).
Paulo Mendes Rocha
Paulo Mendes Rocha, 86 anos, nasceu em Vitória (ES) e construiu sua carreira como arquiteto na cidade de São Paulo. Formou-se em arquitetura e urbanismo em 1954 na Universidade Presbiteriana Mackenzie e foi professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP). Por sua atuação na arquitetura brasileira contemporânea, recebeu em 2006 o Prêmio Pritzker, o mais importante da arquitetura mundial. Antes dele, o único brasileiro a ganhar esse prêmio foi Oscar Niemeyer, em 1988.
Juntamente com João Batista Vilanova Artigas, desenvolveu o estilo conhecido como Escola Paulista da arquitetura brasileira, conhecida por projetos limpos, claros e socialmente responsáveis. Paulo Mendes da Rocha é um dos autores do projeto do Pavilhão Oficial do Brasil na Expo 70, em Osaka, no Japão. Em São Paulo, projetou o pórtico localizado na Praça do Patriarca, região central, o Museu Brasileiro da Escultura (MUBE), a reforma da Pinacoteca do Estado, o Museu da Língua Portuguesa, o Centro Cultural da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e o Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP).
João Batista Vilanova Artigas
O engenheiro-arquiteto curitibano João Batista Vilanova Artigas foi responsável pela formação de uma geração de arquitetos na Capital. Formado em 1937 na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli/USP), integrou o grupo de professores que criou em 1948 a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, cujo edifício na Cidade Universitária projetou em 1961. Seus projetos são conhecidos por características como grandes vãos e emprego do concreto armado e aparente.
Ao longo de sua carreira, discute o papel social do arquiteto. Uma de suas obras mais importantes neste sentido é um conjunto habitacional para 50 mil pessoas em Guarulhos, região metropolitana, projetado em parceria com Paulo Mendes da Rocha e Fábio Penteado. Na capital, suas obras mais marcantes são o Estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Estádio do Morumbi, e a garagem de barcos do Santa Paula Iate Club, em Capela do Socorro. Vilanova Artigas faleceu aos 69 anos em São Paulo, em 1985.
Lina Bo Bardi
Achillina Bo, mais conhecida como Lina Bo Bardi, foi uma arquiteta modernista ítalo-brasileira. Nasceu em Roma, em 1914, e formou-se na Faculdade de Arquitetura de Roma. Lina mudou-se para o Brasil em 1946, tendo ido morar no Rio de Janeiro. No ano seguinte, entretanto, instalou-se em São Paulo, onde anos depois projetou e construiu sua residência, conhecida como a “Casa de Vidro”, no então novo bairro paulistano do Morumbi. Atualmente, o local, que é aberto para visitação, abriga o Instituto Lina BO e P.M. Bardi, com a exposição de obas de arte, móveis, documentos, objetos, cerca de 7.500 desenhos de Lina e 17 mil fotografias.
Seu mais famoso projeto teve início em 1957, quando a arquiteta começou a desenhar a nova sede do Museu de Arte de São Paulo (Masp), na avenida Paulista. Famoso pelo vão-livre de mais de 70 metros que se estende sob quatro enormes pilares, a obra foi completada apenas em 1968. Lina também projetou o Sesc Pompeia, adaptando uma antiga fábrica de tambores que já existia no local. A arquiteta faleceu em março de 1992, na casa por ela projetada.
Fonte: Prefeitura de São Paulo