Por Jorge Gauthier e Naiana Ribeiro:
O empresário Valter Silveira demorou quatro meses para montar uma equipe com dois engenheiros civis, um arquiteto e um decorador para desenvolver um projeto de um edifício comercial. “Tem muita gente formada, mas tem muita demanda e há uma busca grande por esses profissionais”, destaca.
A situação enfrentada por Silveira não é única. De acordo com o Conselho Nacional da Indústria (CNI) apenas 32 mil engenheiros são formados por ano no Brasil, que recebem um salário inicial entre R$ 1.900 e R$ 6 mil. Seria preciso formar 60 mil profissionais para dar conta da demanda do país.
“Passamos por um ‘boom’ que dobrou o número de projetos de 2009 a 2011. O período atual se caracteriza por mais entregas do que surgimento de novos empreendimentos, mas há muita demanda no interior do estado. Nossa área provou que pode colher tanto quanto planta. Ou seja, é possível combater a crise e desenvolver o país, ao mesmo tempo”, diz o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Henrique Passos.
“Engenheiros civis, arquitetos e designers de interiores enfrentam uma situação de estabilidade em 2014, já que as obras que serão lançadas deste ano em diante devem ser entregues no prazo”, completa Passos.
Ele recomenda que, ainda que a escolha do profissional seja permanecer na área urbana – com grandes obras ou projetos – é importante se diferenciar desde cedo. “Antes mesmo de se formar, entre em um estágio, aproveite os conhecimentos da academia e sempre trabalhe com pessoas. Estar atualizado sobre as relações de trabalho voltadas à engenharia também é essencial e é algo que prezamos muito”, recomenda o presidente do Sinduscon-BA. Ele ressalta, ainda, que para a área é essencial conhecer programas de qualidade e desempenho.
Com aproximadamente um ano de formado, o designer de interiores Roberson Rodrigues da Silva, 25, acredita que investir em tecnologia pode ser um diferencial para um decorador. “Ela torna a vida prática, bela e cômoda, escolhendo bons materiais e sempre entender e mostrar o melhor de minhas habilidades aos clientes”, conta.
Quando pequeno, ele sempre foi apaixonado pelas artes e a mecânica dos brinquedos. Mesmo sabendo que é uma área marcada por altos e baixos, Roberson decidiu cursar a graduação e, após a faculdade, fundou a Criar Marcenaria Planejada e hoje trabalha como autônomo. “Durante a faculdade, fiz estágios na área de planejamento e depois que me formei, decidi trabalhar pra mim. Hoje, trabalho em dedicação exclusiva com marcenaria planejada, faço móveis sob medida, crio algumas peças que serão funcionais e que preencham o espaço que o cliente precisa. Não sigo um padrão, cada projeto é estudado, planejado e único”, garante ele que divulga o trabalho, principalmente, pelas redes sociais.
Formado há um ano, o engenheiro civil Diego Matos, 24, trabalha com obras em uma grande empresa e é um exemplo de que participar de atividades extras durante a graduação pode trazer grandes resultados no futuro. “As empresas querem gente com experiência. Por dois anos, participei de uma empresa júnior, formada por universitários, e isso me ajudou a desenvolver muito mais do que o meu currículo”, comenta. Questões pessoais, como falar em público, ser proativo, trabalhar em equipe, liderar e saber se expressar são apenas algumas das competências que Diego desenvolveu durante a faculdade e podem ser importantes para quem quer entrar na área e chamar atenção de clientes e de profissionais mais experientes.
Para a presidente do departamento da Bahia do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-BA), Solange Souza Araújo, o mercado específico da área não está nas melhores condições, mas existem oportunidades disponíveis para quem sobressair perante os concorrentes. “A área está saturada em alguns setores, mas sai na frente quem se envolve com o campo profissional.
Desenvolver talento e construir competências através de experimentos, intercâmbios culturais, estágios em obras, escritórios e órgãos públicos, participação nos processos de formação durante todo o curso de graduação e do exercício profissional, é muito importante”, opina. O salário inicial de um arquiteto é de seis salários mínimos acrescentando 25% para as horas excedentes de trabalho.
A arquiteta Patrícia Pontes, 25, trabalha em um escritório e, simultaneamente, desenvolve projetos autônomos. Ela acredita que a ‘fama’ de saturação no mercado deve-se, principalmente, pelo fato de existir mais de 1.900 escritórios na capital. “Tem muitos profissionais, mas o mercado é aberto, é só correr atrás. Tem muito público para reforma, por exemplo. Sempre acontece de um cliente fazer uma obra, depois querer reformar outro cômodo ou mudar algo no ambiente”, conta. Formada em 2013, ela quer ir para o interior do estado por conta da oferta de vagas. “Tenho vários amigos na área e eles dizem que falta muito profissional. Fico eufórica só para pensar”, afirma.
Fonte: Correio24horas