Para Pierre-André, o futuro da sociedade é urbano. Essa é uma realidade que não dá para evitar.
O paisagista francês, radicado no Rio de Janeiro, Pierre-André Martin, defendeu ontem, 20 de agosto, na segunda seção técnica do Núcleo Rio de Janeiro da ABAP e do IAB-RJ, um paisagismo com funções ecológicas. O evento, que foi aberto ao público, aconteceu na sede do Instituto de Arquitetos do Rio, e teve como objetivo discutir a restinga como possibilidade paisagística.
Para Pierre-André, o futuro da sociedade é urbano. Essa é uma realidade que não dá para evitar. Por isso, a cidade precisa ser pensada como um organismo vivo, onde o paisagismo não pode ser mais encarado apenas como um cenário bonito.
“A cidade do século 21 precisa olhar a natureza além do aspecto estético. Ela deve ser desenhada e projetada de forma a atender as necessidades do nosso tempo. Por que a gente não tem um urbanismo do ciclo da água? Nós sempre dependemos do ambiente. Hoje, é o ambiente que depende da gente para mantê-lo funcional”, afirmou Pierre-André.
Ao apresentar o projeto de restauração da orla do Parque Olímpico Rio 2016, o paisagista listou alguns conflitos que precisou gerenciar no projeto: o primeiro foi a relação entre um ecossistema frágil, a restinga, e a densa urbanização do litoral; o desafio de criar um projeto com profissionais dos Estados Unidos, da China, da França e do Brasil; e a articulação dos interesses dos agentes envolvidos.
“Acredito que um dos pontos mais complicados nesse processo foi lidar com as instâncias nacionais e internacionais. Foi preciso articular os interesses, as demandas e as regras do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), do Comitê Olímpico Internacional (COI), da Prefeitura, e de todos os órgãos que estão participando na produção do evento”, explicou Pierre-André.
Um intenso trabalho de pesquisa também foi necessário para a escolha das espécies que seriam empregadas. Além disso, foi necessário extrair vegetações invasoras, plantadas pelo homem, nas duas faixas verdades entre o Parque Olímpico e a Lagoa de Marapendi, que é uma Área de Preservação Permanente (APP).
“Nem tudo que é verde é bom. Bananeira, por exemplo, não é bom numa Faixa Margem de Proteção (FMP). Jambo também não. Essas são algumas espécies que o homem incorporou naquele espaço que precisaram ser retiradas. Além disso, o restauro de uma FPM utiliza muitas espécies arbóreas. A gente achou que a fitofisiologia da restinga não era isso, e apostamos em árvores, bromélias e espécies arbustivas”, disse o paisagista.
O projeto de restauro da orla do Parque Olímpico Rio 2016 foi um dos seis trabalhos selecionados para a apresentação oral no 51º Congresso da International Federation af Landscape Architects (IFLA), que aconteceu em junho de 2014. Outro projeto que também foi apresentado no congresso foi o do Parque da Restinga de Mambucaba, em Paraty (RJ), de Eduardo Barra. Ambos os trabalhos foram apresentados nas Sessões Técnicas ABAP/IAB-RJ.
Fonte IAB