Em entrevista ao IAB o arquiteto fala da recuperação da orla do Parque Olímpico Rio 2016
Passada a Copa do Mundo, as atenções se voltam para o próximo grande evento: os Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro. O arquiteto paisagista Pierre-André Martin, que também é professor da PUC-Rio, concedeu entrevista ao site do IAB e deu detalhes sobre o projeto de recuperação da orla do Parque Olímpico Rio 2016 e falou sobre paisagismo na restinga. Acompanhe a entrevista:
IAB: Que ponto você considera mais difícil na produção do projeto paisagístico da orla do Parque Olímpico?
Pierre-André Martin: O ponto mais complicado foi lidar com instâncias nacionais e internacionais. Articular os interesses, as demandas e as regras do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), do Comitê Olímpico Internacional (COI), da Prefeitura do Rio, enfim, de todos os órgãos que participam da produção do evento esportivo foi um grande desafio.
IAB: Como você avalia a interação entre projeto paisagístico e iniciativa do governo em questões ambientais?
PAM: O problema é atender a tantas instâncias. Foi preciso mediar conflitos entre as diversas exigências. A fase do planejamento, do pré-projeto, é maior nesses casos porque há muita negociação entre o que nós desejamos para o projeto, que tinha mais itens ornamentais, e o que eles queriam: um projeto mais paisagístico.
IAB: Como você vê a influência do meio ambiente na autoestima dos moradores da cidade?
PAM: Acredito que o meio ambiente tem muita influência no morador. A gente tem que encarar o meio ambiente como o nosso corpo. Se a gente vive em condições precárias, em um ambiente sem saneamento básico, isso se reflete em nós. É como se fôssemos um espelho do lugar onde vivemos.
IAB: Você acredita que a cidade do Rio, com a recepção dos Jogos Olímpicos, deixará um legado de saneamento e planejamento urbano?
PAM: Acho que não mais. Faltam apenas dois anos para a realização dos Jogos, e não há mais tempo para o saneamento básico, que é algo complexo. Acredito que as Olimpíadas trarão a visibilidade necessária para o local e, com isso, os cidadãos cobrarão mais atitudes dos governantes em relação a algo tão importante.
IAB: No projeto, o que você destaca como diferencial da recuperação da orla do Parque Olímpico?
AM: Geralmente, quando se produz um projeto paisagístico, a gente inclui mais árvores. No projeto da orla do Parque Olímpico, por ser em um terreno de restinga e de mangue, focamos em espécies arbustivas. Acredito que o diferencial do projeto é a riqueza do habitat, com uma diversidade grande de plantas.
Fonte IAB