Uma grande parte das cidades brasileiras estuda ações para tentar organizar melhor o trânsito e amenizar o sofrimento da população, afinal, o crescimento do número de carros, ônibus, caminhões e motos contribui para uma competição por espaços nas ruas e avenidas. A competição acirrada é decorrente da falta de um planejamento urbano, facilidades de crédito e baixo investimento em infraestrutura. O impacto na vida das pessoas, em relação aos problemas de mobilidade urbana, é grande, tanto que uma pesquisa do Sindicato Nacional de Arquitetura e Engenharia (Sinaenco) revelou que 83% dos entrevistados consideram o trânsito o grande vilão da mobilidade urbana.
Entre as capitais analisadas, Belo Horizonte se destacou no crescimento de carros particulares. O mais preocupante é que a frota de veículos ainda deverá crescer cerca de 70% nos próximos 25 anos, correspondendo a um aumento superior a mais de um milhão de veículos, chegando a um por habitante. O grande volume e a concorrência por uma vaga ou um espaço geram desrespeito às leis de trânsito e acidentes, sujeitando os motoristas a terem mais atenção e paciência para evitarem imprevistos, assim como os pedestres.
O grande desafio é tentar contornar a situação que se encontra à beira do caos. Muitos já estão comparando Belo Horizonte com São Paulo, famosa pelos quilométricos congestionamentos, teorizando que a capital mineira vai “parar” em poucos anos. Se não houver providências e melhorias, provavelmente isso acontecerá. A discussão sobre rodízio de carros sempre volta à tona como forma de amenizar o problema. Na capital paulista, a medida foi uma alternativa para tentar diminuir o fluxo de veículos. ? preciso buscar soluções a médio e longo prazos para evitar um colapso na cidade.
A falta de mobilidade urbana é um verdadeiro teste para a paciência dos usuários e ainda atrapalha muito as empresas dos mais diferentes setores da economia. A falta dela é o grande problema nas regiões metropolitanas brasileiras em decorrência do volume excessivo de veículos e, principalmente, da escassez de obras públicas para resolução dos engarrafamentos e congestionamentos. O perfil e a tipologia municipal devem ser minuciosamente analisados para que seja possível conquistar incentivos que possibilitem a otimização das frotas e dos itinerários, reduzindo o tempo de viagem.
As questões sobre mobilidade urbana, congestionamentos, investimentos e infraestrutura devem ser analisadas cautelosamente. ? preciso ter consciência que a solução para o trânsito nas principais metrópoles urbanas passa, necessariamente, por incentivo e investimento em transporte público. O fluxo de veículos diminuirá, consideravelmente, beneficiando tanto o cidadão quanto a economia, com a qualidade no setor e vias adequadas para o tráfego. Tais medidas tendem a diminuir a competição entre os veículos, assim como imprevistos decorrentes do grande fluxo de carros.
Nilo Simão: Diretor-presidente da Transimão Transportes
Fonte: Diário do Comércio